quinta-feira, junho 10, 2010


Direto d‘África


Jolivaldo Freitas


Estou aqui esperando começar a Copa do Mundo. Tenho andado pela cidade e visto coisas alarmantes. Para principiar ontem assisti a um ladrão de galinha ser espancado até a morte por populares que já estavam na campana fazia dias. Pelo menos uma vez por semana ele pulava o quintal de alguém e bafava uma penosa.

Segundo um conhecido dele, que fez questão de não o reconhecer, para também não ser confundido como cúmplice, o homem era miserável, estava desempregado havia mais de um ano e era o único jeito de dar comida para a prole de seis meninos e duas meninas. Não se sabe o que será dos filhos.

Encontrei um casal de amigos que estava parado numa avenida. Marido e mulher presenciaram o absurdo de dois jovens fazendo o "tradicional" pega. Invadiram o sinal, subiram o passeio e mataram um garoto que andava de bicicleta. O casal até hoje, lá se vão três dias, não consegue comer nada, do nojo que ficou da cena dorme com remédios tarja preta.

Leio nos jornais que no final de semana foram mais de 20 mortos – a maioria absoluta de jovens negros – pela polícia que assegura ter sido em confronto direto com traficantes; mortos por traficantes que cobram dívidas, embora as famílias garantam que os meninos não consumiam drogas e um pai que matou a ex-mulher e o bebê e depois tentou se suicidar o que não deu certo.
 
Ontem, à noite, vi uma cena lamentável, diversas mulheres e crianças brigavam na porta de um mini-mercado, num bairro nobre da cidade, disputando frutas apodrecidas, frios com data de validade já ultrapassada, pão duro e hortaliças murchas. Remexiam o lixo desesperadamente e guardavam a coleta em sacos que eram entregues a crianças para que tomassem conta e não deixassem que os outros famélicos roubassem.

Na porta de uma farmácia um garoto com idade estimada em 12 anos me abordou e pediu para que eu comprasse para ele uma lata de leite em pó para recém-nascido. Quando já ia comprar o balconista me chamou num canto e disse que não comprasse, pois o garoto iria trocar o leite – de fácil revenda – por pedras de crack. Não comprei e o garoto me ameaçou e ao farmacêutico. Não volto mais lá.

Na TV assisti ao jornalismo dizendo que mais de dez estudantes morreram num choque com uma carreta pois o motorista não tinha sequer Carteira de Habilitação e no mesmo instante entra outra notícia de uma chacina numa ilha próxima da cidade, sem falar da mãe que queimou a mão do filho de cinco anos porque ele queria comer bolacha no que ele considerava fora de questão, pois não havia bolacha e ele chateava por querer e querer.

Caiu uma chuva forte e na invasão formada por milhares de casas pongadas sobre as encostas, lonas pretas mostram que se trata de uma queda anunciada. Outro dia morreram várias pessoas com a terra que desceu e cobriu uma faixa imensa de casebres. Enquanto os familiares choravam seus mortos, uma quadrilha entrou no velório e assaltou todo mundo. É a vida.
 
É muita pobreza por aqui. A população negra não tem emprego e as escolas públicas não oferecem condições de competitividade com os alunos mais abastados (notadamente brancos de estabelecimentos particulares) embora tenha também um montão de brancos na absoluta linha da miséria. A polícia parece que caça os negros e pardos. Mora-se mal, perto de esgotos e buraqueiras.

E quem precisa de atendimento médico tem de amargar longo tempo nas filas. E se for para tomar vacina, nem todo mundo consegue. Depende da faixa etária. Assinado:eu, Jolivaldo Freitas, repórter e cronista, direto desta África que é Salvador.

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quarta-feira, maio 19, 2010


 

Jolivaldo Freitas

 

 

Foi assim, ou mais ou menos, no momento certo em que eu disse "fiat lux" foi surgindo devagar no céu de cor chumbo vários raios luminosos.

Na verdade não notei a princípio, de olho nas curvas da moça. Curvas insinuantes, boas. Curvas largas, boas. Curvas delinedas, gostosas.

Eu só pensando em maldade e a moça de olho no firmamento e ela chamou minha atenção:

- Veja o arco-íris!

 

Já virei, tirando os olhos do meio das suas curvas onde um rasgo sutil mostrava o caminho do inferno...ou do Valhala e respondendo:

 

- Fui em quem mandou criar para você. Te agradou?

 

Ela:

- Não gostei foi do amarelo.

 

Eu:

- Não é amarelo... é cor de mel. Repare direito Mel.

 

Até agora não sei se ela gostou. Acho que não, pois nada mais rolou.

 

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sexta-feira, abril 09, 2010


Jorge Amado e as baleias do Rio Vermelho

Jolivaldo Freitas

Um dia, não lembro bem, sei que nos anos 1980, fui até a casa de Jorge Amado, no Rio Vermelho, agradecer as boas palavras que ele tinha mandado à guisa de prefácio para um dos meus livros. Ele estava escrevendo sua "Navegação de Cabotagem" e deu uma parada para me atender, atencioso que era com todo mundo do mundo inteiro. Para puxar conversa, pois não iria perder a chance de conversar com um gênio da literatura da Língua Portuguesa, agradeci, fiz todos os salamaleques possíveis – puxando o saco mesmo – e ele me ofereceu um pouco do suco que estava tomando, acho que era de manga, ou seria pitanga?

Entabulei logo uma conversa mole, mesmo sabendo que estava ocupando seu tempo, perguntando se ele tinha visto uma baleia cachalote que passara semanas antes pelo Rio Vermelho. Explicou que estava viajando, e que sentiu muito ao ver pela televisão a bicha espirrando água para todos os lados e pulando, batendo a cauda, com uma alegria que somente as baleias, os golfinhos e os botos possuem na fauna marítima.

Então o que era para ser uma conversa para boi dormir se transformou numa história bastante interessante, ele animado me dizendo das suas aventuras no bairro do Rio Vermelho de antigamente, quando ao lado do poeta e artista plástico Licídio Lopes parava para apreciar a passagem das baleias em certas datas do ano. Ele me disse que ela vinha aos montes e vez em quando alguma se perdia e encalhava e a depender do dia ou era ajudava a voltar para o mar ou virava bife. Deu uma risada de ombros, ao tempo que ilustrava a situação, mostrando que havia, sim, pesca da baleia no Rio Vermelho, embora os verdadeiros baleeiros especialistas estivessem mesmo na Z1: colônia de pesca lá das bandas de Itapuã.

Perguntei se ele tinha comido carne de baleia e disse que certa vez provara, mas não lembrava mais do gosto. Mas, garantiu que Dorival Caymmi comia e se regalava, dando um sorriso de canto de boca que não sei se era falando a verdade ou sacaneando o compadre, coisa que ele gostava de fazer juntamente com Caribé e Calazans Neto.

Antes de ir embora perguntei o porquê das baleias terem corrido do mar aberto do Rio Vermelho. Ele explicou que devia ser por causa da diminuição no número de espécimes e que baleia por não ser burra guarda na memória os locais onde o perigo é maior e voltou a gargalhar. Acusou, entretanto, a poluição como um dos fatores do afastamento para alto mar dos cetáceos.

Por último relembrou que às vezes era tanta baleia que parecia até procissão marítima. E vaticinou que um dia elas ainda voltariam a frequentar o Rio Vermelho. Ele sabia o que estava falando. Não é que elas começaram aparecer mesmo que timidamente.

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sábado, fevereiro 20, 2010


Carnaval da escova progressiva e beijo sem pegada

 

Jolivaldo Freitas

 

Não vi lá grandes novidades neste carnaval que se vai - hoje ainda tem folia, o que mostra que o diabo é mais forte e já assoprou as cinzas para bem longe, que me perdoem os santos homens católicos. O rebolation é uma pegada de outras invenções rebolativas, desde os tempos de Xandy (ele ainda existe?) no século passado. Não teve novidade quando o caminhão de Pepeu Gomes lhe foi dado com som ruim, tanto que o engenheiro que ele trouxe do Rio disse que estava decepcionado, pois achava que o carnaval por aqui era organizado, mas que era amadorismo puro. Hahahaha! É Bahia meu irmão! Vá procurar sua turma.

 

Novidade, novidade, novidade mesmo foi Moraes Moreira se apresentando. As crianças não sabem quem é o moço. Os adolescentes nem tchum! Uma aborrescente me perguntou:

- Quem é esse tal de Moraes de Moreira?

 

Passei a falar dos seus méritos e ela disse que eu parecia o seu professor de História falando. É isso mesmo. Moraes virou página da nossa história, como se já tivesse morrido e estando junto de Dodô e Osmar por culpa dos grupos que dominam o carnaval de Salvador, que cercam ou criam cabeças de pontes nas emissoras de rádio e não deixam nem falar naqueles que geraram tudo o que hoje se transformou em comércio.

 

Falar em comércio, negócio bom esse de ter uma loja para vender chapinha e produtos para escova progressiva na Bahia. Não vi muita nega do cabelo duro nos circuitos. Era tudo índio ou europeia.  Cada cabelo mais liso que pelo de pantera. Nada de afro ou black power, a não ser quando passava um bloco de resistência, como o Ilê aiyê. Na pipoca e nos blocos dos barões, tome chapinha e escova progressiva.

 

E o que foi novidade no carnaval passado este ano ficou a dever. A moda de beijar, beijar, beijar, de língua, de leve, de roçar, com bafo de cerveja, fedendo a suor, com mau-hálito, dentadura postiça ou dente cariado continuou. Mas, pelo jeito já não tem tanta graça assim. A maioria que vi beijando beijava de olhos abertos, olhando o movimento, a boca mole e nem mesmo pegava com vontade a moça. Tinha uns caras que nem os braços mexiam. Melhor não beijar.

 

E era tanta mulher na rua como nunca se viu. E as mulheres se queixando que os homens – talvez pela demanda exagerada – não estão chegando junto. Uma amiga que saiu com a filha de 19 anos se queixou, enquanto pegava em meu braço para tirar onda e fingir que não passou em branco. Ela veio subindo a ladeira me questionando:

- Meu amigo, me diga... nos meus 39 anos estou em cima?

- Está,  até demais.

- Os 150 paus que gasto em academia por mês não me deixa boa?

-Boa.

- Tenho peitão e coxões?

- Tem.

- Nem botox preciso usar.

- Não.

- E minha filha não é linda?

- Ô!

- Como é que a gente vai e volta com a boca virgem?

 

Então quebrei o galho das duas. Iam descendo Marcelo Pocotó e Toinho Medrado, velhos amigos. Chamei num canto e pedi encarecidamente que dessem uns chupões nas duas. Eles toparam, mas elas recusaram dizendo que eles estavam bêbados e com desodorante vencido. Perdi a paciência e retruquei:

- Pó! Vocês também são muito exigentes - E não deixei mais que pegassem em meu braço. Mal agradecidas.

 

 

 

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sexta-feira, outubro 02, 2009


E olhe que falei de flores

Jolivaldo Freitas

Quase esqueço que a Primavera chegou. A culpa do meu esquecimento é da própria Mãe Natureza que já não avisa, como avisava em priscas eras. Ela, como a maioria das mães, está muito mudada. A Mãe Natureza anda meio relapsa, talvez cansada de guerra ou apanhar tanto sem ter uma Lei Maria da Penha para punir os seus agressores. Tanto que ela deixa a data quase que passar a data em branco. Quando a Primavera chegava era uma alegria. Seus sinais eram claros. Nas escolas participávamos de peças com roteiro que contemplava as flores, o sol e o arco-iris. Lembro até de um trecho de uma musiquinha que me fizeram cantar, ainda menino, no Colégio Luiz Tarquínio. Era mais ou menos assim: "Somos as flores/Mais perfumadas...Do jardim da infância". Nem lembro do início, nem do meio e só do final. E lá estava eu vestido como pé de planta. Tudo valia em homenagem à chegada da Primavera. Eram feirinhas, peças, festivais, gincanas e o abraço de Marana, uma coleguinh a somente acessível nas festinhas. Até hoje a Primavera me remete aos seus braços. Será que ela lembra de mim? Que nada. Já não sabia mesmo quem eu era naqueles tempos. Ainda mais depois de tantas Primaveras. Tínhamos apenas meia dúzia. A Primavera dava seus ares com as plantas em pleno cio, fazendo surgir as mais lindas e coloridas flores: lírios, flor-do-campo, dálias, Sorriso-de-Maria, rosas, rosas meninas, cravos-de-defunto, boninas, girassóis, margaridas, amarillis, antúrios, boca-de-leão, copos-de-leite, gardênias, jacintos, tulipas e sem falar nas graxeiras de todas as cores, tons e semitons. Era a natureza esperando a cópula das abelhas, colibris e corrupixeis. Os pássaros pareciam terem se multiplicado e seus trinos mais altos e alegres. O verde exuberante da copa das árvores contrastando já com o azul do céu de poucas nuvens e quase chuva nenhuma. Algumas árvores frutíferas, como o jambeiro ou uma teimosa mangueira que dominavam o pomar de uma mansão à beira-mar na Boa Viagem, decidiam sempre sair na frente e já apresentavam seus frutos devezes que nossa avidez de criança comia assim mesmo e amargava dores na barriga no meio da noite para tirar o sono dos avós e dos pais. Estamos quase uma semana em plena Primavera e ainda não vi a profusão de flores, embora olhe todos os cantos, jardins e avenidas. Embora os jornais tenham anunciado. Mesmo na minha varanda as flores estão tímidas, escondidas. Frô Maria e Craudio, o casal de gaviões que todas as manhãs sobrevoava o mar e vinha pousar na antena de TV no prédio defronte, fazendo revoada de bem-te-vis e canários-da-terra tiveram dois filhotes antes da Primavera. Eles – Anita e Duda – aprenderam a bater asas e todos desapareceram. Por sorte vieram para alegrar a Primavera um Sabiá e uma Garrincha estridente que se aproveitam do mamão e da água colocadas na varanda. A Primavera está muito estranha, sem cor. A Mãe Natureza deve estar aborrecida co m tanto gás na atmosfera, desmatamentos, degelo, queimadas e agressões que deixam marca. Devia ter mesmo uma lei que punisse quem maltrata a Mãe Natureza. Mãe é mãe e merece respeito. Se bem que a Primavera ainda está começando e o tempo não obedece relógios análogos nem digitais. Ainda espero o brotar das flores. Todas as manhã e na lua quarto crescente. Ou, quem sabe, o abraço de Marana, a flor mais bela da minha infância
 

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quinta-feira, setembro 10, 2009


Os vereadores e a zona da Barra

Foi bom para a Barra o Alan Sanches levar para lá, dias passados, a Câmara Itinerante. Mas, ele que ouse não dar vazão aos pedidos que foram feitos pelos habitantes. Mesmo com a cizânia que existe entre as moças da associação com os moradores, parte dos freqüentadores e quase a maioria dos comerciantes. O presidente da Câmara pode comprar uma briga feia, pois o povo da Barra, descendentes de Caramuru e que meteu medo a Tomé de Souza, que só colocou os pés na praia com garantias dos nativos; povo que colocou para correr os próprios portugueses, holandeses e franceses não vai querer ouvir promessa e ficar nisso mesmo.

  Já que Pedro Godinho – que tem ou tinha os votos do bairro – não conseguiu fazer com que o prefeito mandasse retirar os carros dos passeios, desse um jeito de consertar os buracos nos passeios, retirasse os guardadores de carro, ordenasse o trânsito e assegurasse com o governador mais segurança, mais polícia, mais ronda policial e mais módulos, novos vereadores fizeram suas cabeças-de-ponte e agradaram em cheio. Até hoje se comenta que a Barra, a partir de agora, vai receber iniciativas de civilidade. Fala-se até que em cada esquina haverá uma câmera de segurança.

 

  E o ponto principal, que são os ambulantes que vendem drogas, e outros que assediam os turistas de forma abusiva serão extirpados. Eu mesmo estava andando, outro dia e vi e ouvi em apenas cem 100 metros de distância de um para outro, o vendedor de artesanato – colares de penas e argolas de latão –  e um vendedor de fitinhas do Senhor do Bonfim (nem para o santo católico mandar um raio) oferecer alto e bom som a um grupo de turistas italianos:

- Marijuana? Cocaína?

 

   Os italianos aceleraram o passo e entraram num táxi. Mas, outros param para comprar abertamente de dia ou de noite, sem constrangimento. A venda de drogas, todo morador de Barra sabe, acontece no Cristo, no Farol da Barra, numa das transversais de Marques de Leão com a Afonso Celso (rua onde os sacizeiros cheiram crack), defronte ao Hospital Espanhol, na área de embarcações do Forte Santa Maria, perto do Instituto Mauá, no caminho do Yacht Clube e até no largo da Igreja de Santo Antonio da Barra. A polícia não dá baculejo por preguiça.

  

Os moradores da Barra esperam que os vereadores botem pressão no prefeito e no governador para que os problemas pelo menos diminuam. O vereador Paulo Câmara, que caiu nas graças do povo do bairro quando deixou claro, de forma lúcida, sobre a presença da Guarda Municipal não ficar na dependência da construção de um módulo, bem que poderia dar um jeito de acabar com a violência na praia do Porto da Barra.

 

    Semana passada uma criança de apenas três anos levou uma bolada de frescobol no ouvido. A criança desmaiou e a mãe também só de ver a cena. Levaram as duas para uma emergência. Num domingo não tão distante capoeiristas que sempre se exibem na beira do mar deram saltos e mais saltos até que atingiram o rosto de um garoto que estava com a família paulistana. Rasgou a cara. Os capoeiristas foram saindo de fininho enquanto os banhistas providenciavam socorro. Meia hora depois estavam lá dando rabo-de-arraia de novo.

 A situação é tão vexatória e sem lei no Porto da Barra que até os turistas argentinos já se enturmaram e estão jogando futebol e frescobol com os baianos. E não adianta chamar os PMs no módulo que eles não sujam os pés de areia nem pagando (???). Paulo Câmara que é o novo padrinho do bairro bem que poderia pedir para que a Guarda Municipal colocasse uma dupla na areia para impedir o baba e o frescobol. Já é mesmo proibido (antigamente tinha até placa informando). Falta só policiamento. Os nativos e os turistas agradecem. E os vereadores, com certeza, não serão esquecidos.

 

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terça-feira, julho 21, 2009


Wagner e o Horário de Verão

 

Jolivaldo Freitas
Pegou mal para o governo do Estado o fato de não se deixar sensibilizar pelas solicitações das federações que representam indústria e comércio e de outras entidades empresariais, que pediram, quase de joelhos, seu empenho para retirar a Bahia da relação de estados nordestinos que terão Horário de Verão. Pelo que o governo demonstrou, sequer o assunto foi analisado e o horário que passa a valer em outubro, terá de ser engolido por quem produz ou negocia e sabe que a dor é mais embaixo.
Eu adoro o Horário de Verão. Dá para ver as meninas malhando na Barra em pleno pôr-do-sol. Tomar uma água de coco em Itapuã ou comer um acarajé em Amaralina. Os únicos empresários que gostam don Horário de Verão são justamente os vendedores de coco, os tatuadores e vendedores de cerveja do Porto. Dá para faturar um pouco mais. Eles vão até convidar o governador para um happy hour. E fazer uma tatuagem.

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terça-feira, maio 19, 2009


AAB, AGRA, ARC e tijolos

Jolivaldo Freitas

Um imbróglio sem tamanho. É para me dizer isso, assim, de chofre, que me liga, logo de manhã cedo, em jejum, remela nos olhos e as juntas travadas, um sócio e depois outro, e a seguir mais um, oriundos da Associação Atlética da Bahia; famosa Azulina, que já foi um dos clubes mais bonitos, charmosos e tirado a besta da Bahia – só perdendo em postura aristocrática para o Bahiano de Tênis, que, quando nos píncaros da glória, não deixava preto entrar nem pelas portas do fundo. Na AAB não era tanto assim, mas até a década de 80, babá só entrava com o bebê se estivesse vestida a caráter.

  O que os associados queriam me tirando dos braços (é mera figura de linguagem) do deus Morfeu? Me alertavam para a necessidade de se chamar a atenção de todos que amam a AAB – que vai do garçom Souza até o vice-prefeito Edvaldo Brito – que a vaca está indo para o brejo. O pote quebrou. O ovo gorou. O leite derramou. Ou seja: o novo clube empacou de vez.

  A ARC Engenharia e a AGRA estão deixando a obra em banho-Maria. Colocam um tijolo por semana – mesmo assim quando não está chovendo e já asseguraram que a verba acabou, a paciência acabou, aquele love todo do início das negociações acabou e, pronto... a obra acabou e quem quiser que vá se queixar ao bispo (que não é sócio) ou chorar no pé do caboclo, lá no Campo Grande.

   Para você leitora entender melhor a história: cerca de quatro anos (ou seriam cinco? Ou seriam três) não lembro direito, tanto tempo já se passou, a Associação Atlética da Bahia estava numa penúria só. Os associados que pagavam eram poucos, a dívida com o IPTU era grande e havia o medo de João Henrique desapropriar, como o fez com o Clube Português e devia-se ainda ao INSS e FGTS. O terreno, na Barra, onde fica (ficava?) o clube sempre despertou a usura das empresas do ramo imobiliário, por estar numa área privilegiada. Foi então que a presidência do Clube, com aprovação do Conselho, decidiu vender um pedaço para pagar as dívidas. Acho que foi uma bagatela de 13 milhões de reais o negócio.

   A Arc a Agra iriam construir três edifícios de primeira linha, como vem mesmo ocorrendo, e se comprometeram em contrato (um conselheiro me disse que o contrato caducou e eu não entendi como é que contrato fica caduco) a construir primeiro o clube. No início foi assim e uma parte da estrutura do clube foi feita. Mas, c agora está lá, quase que parado e pelo que se sabe as empresas querem mais grana. Coisa de uns 2 milhões de reais. Nem vendendo droga no Porto da Barra o clube consegue o valor.

   Já tem sócios pensando em invadir o que resta do clube. Já tem outros querendo embargar a obra dos prédios. Tem uns que acham que o Movimento dos Sem-Teto poderia dar uma mão, invadindo e aterrorizando a Arc e a Agra que garantiram entregar o clube pronto em junho do ano passado, depois jogou para dezembro. A seguir passou para maio deste ano, depois para julho, para agosto e já está indo para 2010.

  Pior, me dizem aqueles que me despertaram de um sono profundo, totalmente em Alfa, que a ARC está colocando a AAB na parede, literalmente. Embora tenham se comprometido a construir logo o clube e depois os prédios e estarem fazendo o contrário, agora querem pegar a última nesga do terreno, que restou: uma encosta. Ou dá ou desce.

  Eu mesmo não acredito que uma empresa como a ARC esteja fazendo uma besteira deste tamanho. Duvido. Ainda mais que nos últimos anos ela tem investido mais do que ninguém em uma estratégia de marketing que inclui man ter uma boa imagem para o mercado.

Deve estar ocorrendo uma falta de diálogo. Coisa de casal. Comunhão de bens. Mas, os associados querem uma resposta ou o pau vai comer. Tem uns cinco sócios advogados que estão sendo mantidos no estrangulador. Quando soltarem, valha-me deus! Não sai clube nem apartamentos tão cedo.

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domingo, março 22, 2009


Medicina nada alternativa

Jolivaldo Freitas

É até certo ponto surreal o atendimento médico nos municípios baianos, e a atitude dos médicos, notadamente, os recém-formados. Em quase um terço das cidades interioranas médico é um produto raro. Em cada hospital que tem suas portas abertas falta médico. Antigamente eu pensava que a culpa se dava apenas pela falta de empenho dos gestores.

 Com o tempo e vivendo a realidade de atuar em marketing político em grandes e pequenas cidades, constatei que a questão ganhava outra dimensão. Na realidade, na maioria dos casos a falta de atendimento médico nas áreas interioranas é um problema também causado pela má vontade dos médicos.

Acredite que hoje a maioria das prefeituras possui verbas para pagar adequadamente aos profissionais de Saúde. É bom que se diga que de forma até certo ponto numa iniciativa apartidária, os hospitais regionais estão dotados de estrutura. Daí se pergunta: onde está o gargalo? Acredite. Está na relutância do médico em querer sair da capital, notadamente, das áreas litorâneas.
Acredite! Existem milhares de vagas para médicos em hospitais do interior do país. Levantamento feito na Internet revela que na maioria das prefeituras o salário-base para um médico iniciante, principalmente se for clínico, é de R$ 2.500 reais e muitas prefeituras ainda oferecem residência, comida e roupa lavada. Mas os médicos preferem as capitais. Se for na Bahia, Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza e outras que estejam debruçadas sobre o mar, aí é que não saem, mesmo que estejam sendo explorados e mal pagos. Preferem dar longos plantões nas clínicas, ser mal remunerado a deixar a barraca de praia.
Tive, ano passado, contato com esta realidade quando vivenciei o fato do então prefeito de Juazeiro - que vem a ser a quarta cidade em importância, da Bahia; uma das mais bonitas e aprazíveis do Vale do São Francisco -, ter recuperado vários postos de saúde na sede e nos distritos, bem como construído outras unidades, e elas ficarem sem pode atender aos doentes por não ter médico.A prefeitura colocou anúncio em jornais de todo o país e uns gatos pingados apareceram.

Mas a situação era agravada pelo fato de Juazeiro estar colada com Petrolina, no outro lado em Pernambuco. Por absoluta falta de estrutura de Saúde, os doentes pernambucanos atravessam a ponte e vão em busca de atendimento no lado baiano, sobrecarregando a estrutura existente. Até Salvador sofre com a "invasão" de pacientes alienígenas, Os postos de Saúde são usados por doentes que vêm de diversos municípios. Na falta de médicos em suas cidiades, os prefeitos têm optado por colocar seus doentes em ônibus e vans e trazem para atendimento em clínicas e  consultórios da capital, pagando cash. É aquele negócio: se Maomé não vai à montanha, ela vai a ele
 

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segunda-feira, março 09, 2009


Abandonados pela Transalvador e pela PM

Jolivaldo Freitas

Já estava esquecendo o diabo do carnaval quando vejo uma batelada de ações e programações que não nos deixarão tão cedo descarregar a pilha. Na Assembléia Legislativa vai ter sessão para esmiuçar a folia. Na câmara dos Vereadores vão comer o fígado do prefeito João Henrique por causa de uma péssima analogia que fez entre festa, custo, remédios e merendas e que os adversários querem transformar num fato político sem precedentes.

  Vou aproveitar e colocar pimenta malagueta na discussão. Quero dizer que, apesar de todo investimento que foi feito neste carnaval em que as estrelas e os camarotes faturaram milhões, e a cidade, que é a estrela-mãe ficou chupando osso, muitas cenas de amadorismo ou de desleixo foram registradas.

 Tenho como os holofotes que queimaram logo no início da festa, no circuito tradicional, e não apareceu ninguém para trocar a lâmpada; ou mesmo o emblemático caso do trio que iria levar para as ruas e avenidas - depois de tanto tempo sem espaço decente na festa - os cantores Luiz Caldas e Sarajane e mais algumas bandas, e simplesmente foi impedido, com toda razão, pelo Detran. No trio faltava a "cuíca". Não o instrumento de percussão, mas um equipamento fundamental para o sistema de freio do caminhão. Sarajane, que não vem tendo um bom ano, chorou e Luiz Caldas engoliu a seco.

 

 Mas, o que faltou mesmo foi empenho do pessoal do trânsito. Tanto os trios que saíam no Campo Grande ou que ficavam estacionados num terreno pertencente à família Cunha Guedes, defronte ao McDonalds, na Graça, quando iam ao encontro dos blocos tinham de manobrar sozinhos, com risco para os foliões.

 

  O pessoal da Transalvador ou mesmo os PMs que usam motocicletas não apareciam para dar ajuda. Em qual lugar do mundo uns monstrengos - a exemplo dos trios - que são os caminhões alegóricos, não saem sem batedores. Os trios que saíam do bairro da Graça em direção ao Circuito Barra/Ondina, por falta de batedores da SET ou da PM derrubaram dois postes, quebraram a fiação de outros postes, destruíram as gambiarras e os passeios. Tudo isso apenas na Ladeira da Barra.

 

  Pela total ausência de batedores policiais, os motoristas dos caminhões foram ameaçados por motoristas de táxis que não se conformavam em ter de dar passagem aos trios que desciam ou subiam. A discussão levava tempo, até que, por ventura, passasse um carro da polícia. Teve veículo da SET cujos agentes em seu interior viram de longe, deram ré e escafederam-se. Graças a Deus não aconteceu nenhum acidente grave. Ano que vem as autoridades têm de lembrar: trio, para chegar ao ponto de concentração ou para entrar na avenida, tem de estar monitorado de perto pelos agentes de trânsito. A Transalvador, que ainda insisto em chamar de SET, bem que podia ser multada por falta de discernimento e preparo.

 

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Do Blog de Paixão Barbosa

Ciro Gomes divide PSB

Paixão Barbosa

Ciro Gomes (PSB-CE) é um homem público qualificado, inteligente e bem falante. E é nesta última qualidade que também mora seu maior defeito: falar demais. Como é temperamental, Ciro tende a explodir nas horas erradas e a falar demais, o que já lhe atrapalhou os passos e deixou como herança alguns desafetos. Ex-governador do Ceará, ele chegou a ter uma candidatura bem robusta à presidência da República e, agora, parece que volta a ensaiar o discurso para tentar disputar a sucessão do presidente Lula.


Mas aí é que a coisa começa a pegar e para ele ser candidato não basta ter a vontade. É certo que Ciro tem recebido estímulos de alguns setores do PSB, mas, como a legenda faz parte da base aliada, também há muita gente que não quer nem ouvir falar em candidatura própria e prefere caminhar com o candidato que Lula indicar. Para se tornar candidato ele terá que quebrar esta resistência interna e unir os socialistas, o que não será tarefa fácil.


O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, por exemplo, que é hoje a maior expressão política do partido, está muito bem aninhado no ninho lulista, de quem tem recebido muitos mimos, traduzidos em projetos e apoio financeiro. Neste Carnaval, ele colocou a ministra Dilma Rousseff, candidato do peito de Lula, debaixo do braço e fez a festa nas ruas de Recife e Olinda, mostrando qual é a sua preferência ao ritmo dos maracatus.


De qualquer forma, ainda há tempo para que Ciro Gomes trabalhe a base partidária e tente viabilizar a candidatura. Isto se ele não tropeçar em alguma frase mal colocada no meio do caminho.  

 

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Do Blog de Aninha Franco

A força da grana e a folia

 

Aninha Franco

Há muito vermelho no caderno de Dever & Haver dos gestores que torraram 50 milhões num Carnaval que deveria autossustentar-se, refugaram patrocínios de 7 milhões e declararam o desvio de verbas da educação para a festa. Há 2 anos a cidade lê o discurso da autossustentação do teatro, da dança e da literatura, para descobrir, em fevereiro, que o Carnaval da Baía, o bambambã do planeta, não se sustenta. Deve haver algo errado, para além dos mal-entendidos entre o PT e o PMDB, que precisa ser consertado rapidamente, porque a festa existe, sobretudo, para dar lucro à cidade.


Na enquete do jornal A TARDE sobre os planos dos soteropolitanos no Carnaval, perto de 56% diziam, quando eu arquivei a pesquisa, que preferiam outras programações culturais. Por isso, o Carnaval yuppie, montado na cidade nos anos 90, não é mais o ócio da maioria da população, como o Carnaval hippie dos anos 70 foi, é um negócio que atrai turistas e envolve apenas 37% de moradores, nos blocos de trio ou na pipoca. Há, também, o incômodo de muita gente durante os 7 dias carnavalescos, como os moradores da Barra, por exemplo, e é por isso que a existência da festa deve favorecer a cidade. Mas pra isso acontecer, como escreveu nosso rei Geronimo, o planejamento da festa de 2010 deveria estar pronto hoje, e assinado por gente que entende do riscado.


Um deles saiu, Nizan Guanaes, que vai abrir o cofre pra criar um espaço para 6 mil pessoas com Ivete Sangalo. Palmas e a sugestão de arquitetar o espaço como as bolsas que abrem para outra, menor, várias vezes, até o espaço de 600 lugares do teatro musical e dos shows intimistas. Ivete pode usar a casa grande, com axé, e a pequena com shows como Essa é pra tocar no rádio (1999), dirigido por Gabriel Villela e Roney Scott... Os sócios podem, também, comprar o cinema Rio Vermelho de Aquiles Mônaco, calcanhar de Aquiles da Igreja Universal, cercada pela pirâmide do Tom do Saber, pelo odor etílico do boteco do França, pelo dendê dos tabuleiros de acarajé de Cira, Regina e Dinha. Tem mercado? É que nem a autossustentação do Carnaval. Se houver planejamento, tem.

 

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Do Blog de Marcos Venâncio

Refavela: segundo ato da trilogia da reinvenção

Marcos Venâncio

Discos  			Imperdíveis

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Refavela , de 1977, na sequência da trilogia "Re", de Gilberto Gil, nasceu depois de uma viagem à África, onde o compositor participou do 2º Festival Mundial de Arte e Cultura Negra, em Lagos, na Nigéria. Numa época marcada pela retomada da black music em todo o mundo, Gil fez um disco focado na estética afro construída no Brasil a partir das vivências locais. Inclui canções como "Ilê aiyê", de Paulinho Camafeu, "Patuscada de Gandhi", do próprio Gil, e uma versão funk para "Samba do avião", de Tom Jobim. Nesta terça, não perca Realce.

Clique para ouvir Refavela

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quarta-feira, março 04, 2009


Do Blog de Paixão Barbosa

 

Pinheiro na Secretaria de Planejamento

Paixão Barbosa

 Em meio a mais uma onda de especulações - e a Bahia está repleta disso - sobre uma possível reforma de secretariado que o governador Jaques Wagner estaria planejando para ainda este mês, surgiu a hipótese de o deputado federal Walter Pinheiro (PT), que foi candidato a prefeito de Salvador em 2008, ser nomeado para a Casa Civil do governo do estado. A pretensa reforma "profunda" está longe de ser uma realidade pelo que dizem pessoas ligadas ao governador, mas pode, sim, haver uma ou outra mudança no secretariado.


Quanto ao destino de Walter Pinheiro, sabe-se que ele deu uma risada quando foi consultado, na terça-feira, sobre esta nova especulação e confirmou somente que deseja ser candidato ao Senado em 2010.


Mas uma fonte muito próxima ao parlamentar me assegurou, nesta tarde de quarta-feira, que Pinheiro pode realmente virar secretário do governo Wagner dentro de pouco tempo, mas não para a Casa Civil e sim para o Planejamento. A corrente que integra no PT, a Democracia Socialista, já teria acertado os ponteiros e definido o destino do deputado.


A análise a respeito do assunto é que, atuando numa pasta estadual, mesmo sendo técnica como a do Planejamento, Walter Pinheiro poderá consolidar seu nome junto às bases do PT e garantir uma das duas vagas para concorrer ao Senado em 2010. pessoalmente, acho um grande risco para ele, porque uma pasta como o Planejamento não é bem o posto ideal para quem deseja disputar um cargo político.


Vamos esperar para ver.

 

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Do Blog de Marcos Venâncio

 

DISCOS IMPERDÍVEIS

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Reunião de cantadores e violeiros no Teatro Castro Alves

Marcos Venâncio

Discos  			Imperdíveis

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Gravado ao vivo no Teatro Castro Alves, em Salvador, nos dias 7, 8, 9 e 10 de janeiro de 1988, o Concerto sertanez reúne Elomar, Turíbio Santos, Xangai e João Omar num disco memorável. As matrizes da gravação foram extraviadas, o que praticamente impede novos relançamentos. Para quem não ouviu ou pensou que não ia ouvir de novo, Discos Imperdíveis escala nesta quarta-feira o quarteto de cantadores e violeiros.

Clique para ouvir Concerto sertanez

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domingo, março 01, 2009


Hora de um novo circuito

Jolivaldo Freitas

 

A conversa é antiga: está faltando um cabra macho para mexer nas estruturas do carnaval. Tudo bem que as autoridades estejam comemorando o fato de não ter sido registrado nenhum homicídio em correlação com a festa, e a queda nos índices de violência.  A pergunta é: quando teremos de encarar a realidade de que a violência na folia de Momo é consequente do inchaço no Beco da Ribeira, no Relógio de São Pedro, no Barravento, no Espanhol - no circuito tradicional do Campo Grande á Rua Chile, bem como da Barra a Ondina?

 Não vai adiantar, ano a ano, aumentar o efetivo policial nas ruas. Se o modelo atual for persistindo, dentro de dez anos, numa progressão óbvia, teremos de pedir policiais emprestados aos estados vizinhos ou chamar a Força Federal.

   Passado o carnaval, todos os anos, voltamos à cantilena de chamar a atenção para a necessidade de se criar um novo circuito (embora tenha consciência que também não se pode relegar a um segundo plano o antigo corredor da festa, que está abandonado pelos trios e famosos que fizeram o nome no Campo Grande e hoje só querem saber dos camarotes da Barra). Existem vários projetos para um novo circuito entre o Comércio e a Calçada ou a utilização da Avenida Bonocô e também da Paralela. Projetos até certo ponto antigos e que foram rechaçados por quem pode e manda no carnaval da Bahia.

    Uma idéia que ouvi seria blocos e trios alternativos para o Comércio e deixar a área com exclusividade para os blocos de samba, sendo que cada famoso como Ivete Cláudia Leitte, Daniela, Chiclete e outros, teriam de dar uma passada por lá, cantando e tocando para os pipocas. A princípio, segundo o autor da idéia, o novo circuito seria testado ano que vem apenas na parte da noite. O futuro? Só Deus sabe se a iniciativa pega, pois cabeça do povo é mistério.

   É claro que os donos dos trios, dos blocos, dos camarotes e atuais gestores do lucrativo carnaval baiano sempre se posicionam contra quando se trata de mexer no institucionalizado. Mas, se oferecerem lucros para eles, no mesmo instante mudarão de idéia e quem sabe um novo circuito, em qualquer lugar, não serviria para desafogar o carnaval, que a cada ano será maior. Também uma nova área de folia vai gerar mais empregos e renda. Lembrem que a Barra até os anos 70 só era "agitada" pelo pessoal do "Jacu" e do "Barão". Depois o "Bróder" e o bloco "Acadêmicas" arriscaram e o novo circuito pegou e hoje é o favorito.

   Claro que não entendo nada de carnaval, nem marketing carnavalesco e muito menos de segurança pública. Mas ouço as querelas e os queixumes e acho que o estado e o município poderiam fazer uma força-tarefa e pensar, já, numa tomada de posição. O modelo atual do carnaval está bom para os donos de camarotes, para os blocos e trios. Está péssimo para a pipoca. Mais algum tempo e a pipoca explode.

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Do Blog de Aninha Franco

A vida depois do carnaval


Aninha Franco

Quinta-feira d.C, e a vida começará, inexorável, cega, surda e muda à nossa preguiça de conviver com a realidade, debicando do nosso desejo de que o verão seja todas as estações, e clareie os acordares entre o céu azul e o mar mais azul ainda, num mundo acabado e limpo que Deus criou em 7 dias e Darwin explicou há 200 anos. Que nesse mundo, Carmen Miranda renasça das cinzas do seu salto plataforma, dos seus turbantes hortifrutigranjeiros, e que Sarney desapareça na floresta do Senado, perseguido por marimbondos de fogo, achincalhado pelo IDH do Maranhão, correndo com Collor, Renan Calheiros e o deputado Michael Temer das sete pragas da reforma semântica, porque um deles, sei lá qual, juntou, numa mesma frase, a palavra honroso com o nome Edmar Moreira. Mas nada disso acontecerá, eu sei, e a evolução humana prosseguirá lenta, gradual e progressiva, e os últimos a escaparem da deriva genética, se escaparem, serão os políticos de Brasília.
Olhe que eu estou acostumada à criatividade da corrupção, a atividade mais rápida, menos burocrática e mais eficiente do Brasil, olhe que por conta dela nós temos assistido a coisas que Deus e Darwin duvidariam, mas o castelo de 36 cômodos de Edmar é, realmente, estupefaciente. O castelo de Edmar é quase ficção, é real por um triz, e Edmar ainda alega, dentro da velha calúnia bíblica de que a mulher é culpada de tudo, desde Adão, que construiu esse castelo monstruoso, no meio do nada, porque sua mulher pediu... Ora, me faça uma abacatada! Eu acho que o ex-corregedor da Câmara dos Deputados construiu o castelo com o objetivo de implantar nele, um dia, o museu da corrupção. Um cômodo para os sanguessugas, um cômodo para os desviadores da merenda escolar, um cômodo para as empreiteiras, um cômodo para o caixa dois, um cômodo para os anões do orçamento, um cômodo para o mensalão, aliás, para o mensalão 2 cômodos, porque sobre ele Edmar Moreira sabe tudo. Edmar foi o corregedor que julgou os mensaleiros... Depois dessa, me respondam, há alguma possibilidade de os políticos brasileiros, sobretudo os que evoluem em Brasília, saírem da deriva genética?

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quarta-feira, fevereiro 25, 2009


Igreja e axezeiros disputam espaço na quarta de cinzas

Jolivaldo Freitas

As igrejas católicas abriram suas portas mais cedo, hoje, em Salvador, para receber os foliões "arrependidos" dos excessos cometidos durante os dias oficiais do carnaval baiano (a festa começou na quinta-feira da semana passada). Mas, como se vê a cada ano, a busca pela cruz de cinzas na testa, que significa pedir o perdão a Cristo, atrai cada vez menos pessoas, notadamente entre os fiéis mais jovens.
Para piorar a situação, muitas pessoas não saem do circuito da festa, pois hoje o carnaval ainda prossegue e bancos, shoppings e o comércio em geral só abrem as portas a partir das 14 horas. Nesta quarta pela manhã enquanto as igrejas estão de portas abertas, realizando as missas de cinzas, Carlinhos Brown, Ivete Sangalo e outros estão descansando e daqui a pouco voltam a agitar os foliões no Circuito Barra/Ondina. Carnaval é mesmo uma invenção do Diabo que Deus abençoou, mas a Igreja Católica ainda não aprendeu a fazer v istas grossas.

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segunda-feira, fevereiro 23, 2009


Bollywood come pelas beiradas no Oscar

Quem assistiu ao Oscar ficou surpreso com a premiação de melhor filme e um total de oito estatuetas para "Quem quer ser milionário?" Mas o que chamou a atenção foi - pela primeira vez - os indianos (parecendo até coisa de Glória Perez) recebendo prêmios importantes como melhor música, por exemplo.

 

Pode acreditar que nos próximos 10 ou 20 anos um filme indiano vai conseguir ganhar um Oscar. Não somente pela imensa produção de filmes - produz mais do dobro de Hollywood por ano, mas pelo fato que irão se organizar, levar bons roteiristas, preparar atores e evoluir diretores. Ténicos eles mostram que têm de sobra e dos bons. Público não falta e, portanto, não falta dinheiro.

 

Bollywood vai comendo pelas beiradas.

 

Quem assistiu ao Oscar ficou surpreso com a premiação de melhor filme e um total de oito estatuetas para "Quem quer ser milionário?" Mas o que chamou a atenção foi - pela primeira vez - os indianos (parecendo até coisa de Glória Perez) recebendo prêmios importantes como melhor música, por exemplo.

 

Pode acreditar que nos próximos 10 ou 20 anos um filme indiano vai conseguir ganhar um Oscar. Não somente pela imensa produção de filmes - produz mais do dobro de Hollywood por ano, mas pelo fato que irão se organizar, levar bons roteiristas, preparar atores e evoluir diretores. Tèénicos ele mostram que têm de sobra e dos bons. Público não falta e, portanto, não falta dinheiro.

 

Bollywood vai comendo pelas beiradas.

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sábado, fevereiro 21, 2009


Abandonados no meio do Carnaval

Ontem foi um péssimo dia de Carnaval para Sarajane, Luiz Caldas e outros artistas que somente com muito esforço conseguem tocar no Carnaval, por estarem fora do esquema comercial, embora tenha sido responsáveis pelo surgimento da Axé Music e pelo que o Carnaval se transformou na Bahia. O trio em que iriam tocar não apareceu e eles ficaram abandonados. Sarajane escreveu uma carta para a imprensa, com muita emoção e lamentou o ocorrido.

Carta de Sarajane

"Ola amigos;
 
Ontem infelizmente não toquei, chorei muito, gostaria de esta mostrando o meu trabalho que tanto ensaiei e me empenhei, ficamos na Praça da Sé por tres horas esperando o trio e ele não apareceu, ligava mos para as pessoas que tambem não tinham resposta para nos dar, Waldemar, Reginaldo, Sidnei, Marcia, pessoas que eu amo tanto e que se empenharam para que tudo fosse muito bom, ficamos duas bandas com instrumentos na rua podendo ser asaltados, é um absurdo muita humilhação, segundo a saltur os trios estariam presos no parque de exposição por que teriam que ter duas cuicas de freios e cada uma custava 3.000, bem luiz caldas não tocou, ze paulo, wil carvalho e varios outros, so queremos saber como ficara o nosso cachê por que contratamos e pagamos pessoas e estavamos lá, na hora marcada, apesar da agenda de carnaval esta com os nomes dos artistas dias e horarios trocados. O meu dia era ontem e na programação esta hoje. Hoje toco em Ilh eus as 17:00h e retorno a Salvador as 21:30h. a banda honolulu viajou para recife e depois viaja para conceição da barra no eespirito santo.
 
amanhã toco no trio axe 80 segunda palco da liberdade e terça no axe 80 e anoite na praça pedro arcanjo, depois vou ao camarote expresso cantar com o meu professor gilberto gil".
 

 

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